E não estamos falando do tal “portunhol”!

Palavras e estruturas gramaticais semelhantes, mostram a estreita relação entre o português e o espanhol. Vindos da mesma raiz (o latim), é muito comum nós – brasileiros – acharmos que falamos a língua por conta dessa proximidade. Mas será que falamos mesmo?

Na tentativa de se fazer compreendido por nossos “hermanos”, criamos um dialeto que beira o cômico. Passamos por muitas situações constrangedoras: Isso foi o que nos contaram 4 pessoas de origens latinas, testemunhas oculares (e auditivas) que presenciaram até onde pode ir o nosso “portunhol”.

O espanhol Eduardo Vilar passou por uma situação tão confusa quanto. “Os brasileiros acham que falam espanhol apenas mudando o tom das palavras em português. Em uma loja, a vendedora insistia em falar “cartón” na hora de pagar (o correto seria “tarjeta”). Ela fazia o gesto na máquina, mas falava com tanta propriedade que só consegui achar engraçado mesmo”. Para não deixar dúvidas: “”cartón”” significa papelão.

Para Isabela Dubos, uma argentina que veio ao Brasil em 2018, apesar da boa vontade em tentar ajudar, acabavamos atrapalhando. “Estava sem internet no celular então pedi a um grupo informações sobre como chegar a um museu. As tentativas de me explicar foram tão confusas que acabei desistindo da ajuda e indo procurar eu mesma – que por sorte – encontrei”.

Jose Andreas saiu do Chile para descobrir que não pode reclamar do valor das coisas por aqui. “Quando precisava pagar algo e me parecia muito caro, dizia que estava ‘muy costoso’ mas entendiam como se estivesse elogiando, dizendo ‘gostoso’. As caras e olhares que recebia após dizer isso me mostraram que a diferença entre o espanhol e o português são maiores do que eu mesmo pensava”.

Vinda da Argentina, Denise Bordella conta que achou divertido o quanto nós nos esforçamos, e acabamos dizendo nada que faça sentido. “Era engraçado ver que tentavam falar com o mesmo tom ou sotaque que nós, e para um nativo de língua espanhola, ver que não estão falando absolutamente nada”. Para Denise, as ótimas recordações do nosso país seriam ainda melhores se soubéssemos um pouco mais da sua língua. “Os brasileiros e brasileiras me transmitiram muita alegria. Tive sorte de encontrar gente muito boa, legal, e que apesar do espanhol não ser um dos melhores, tentavam ajudar ao máximo”, conclui.

É a segunda língua mais falada do mundo e praticamente, o idioma oficial de quase todos os países com quem fazemos fronteira. Todos que nos contaram suas histórias disseram que adoraram conhecer nossa cultura e povo, mas que se não fosse pelo espanhol fraco, as conexões e trocas culturais seriam ainda mais interessantes.

Então, vamos parar de “pisar en la buela” e aprender que o correto seria falar “meter la pata”?

Escrito por: Time KNN

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